Observatório da Costa Amazônica

A intrusão salina e o sedimento do estuário Mocajuba

Se você tem acompanhado o OCA, você já conhece o estuário Mocajuba. Anteriormente, te contamos que, no período seco, a intrusão salina alcança aproximadamente 30 km no estuário (Gomes, 2018). Normalmente, em locais com fortes intrusões salinas existe a formação de comunidades de organismos marinhos muito adentro no canal estuarino.

O estuário Mocajuba não é diferente. Estes organismos conseguem se fixar no sedimento, formando bancos naturais de ostras, e até se fixar nas raízes dos manguezais! Então, a população local faz a coleta das ostras e dos caranguejos, chamada de produção extrativista, além da maricultura, que é o cultivo destes organismos. Além disso, a existência destes organismos “mais velhos” permite o assentamento de novos organismos, os “juvenis”, continuando o ciclo de ocupação dos bancos e das raízes dos manguezais. Maravilhoso não é?

O registro da intrusão marinha e da ocupação dos organismos marinhos também foi observado a partir de análises sedimentológicas, estudado por Pereira (2018). Ou seja, a autora coletou sedimento do fundo do estuário Mocajuba e realizou diversas análises com esse material. O resultado? Um alto teor de carbonato de cálcio estuário acima.

Você pode estar se perguntando, o que é Carbonato de Cálcio e o que ele está fazendo no fundo do estuário? Bem a resposta é bem simples. Você já deve ter visto algumas conchas enquanto passeava na praia. Essas conchas são originadas por organismos marinhos, que tem capacidade de fazer uma carapaça externa, onde o principal componente é o carbonato de cálcio (Fig. 1). Alguns exemplos são do filo Mollusca:

Figura 2. A distribuição do Carbonato de Cálcio no estuário do rio Mocajuba, Pará.

Então, quando estes organismos morrem, a carapaça afunda, chegando no fundo do estuário, do mar ou do oceano, e então, essa carapaça se torna uma parte do sedimento. De acordo com Pereira (2018), o carbonato de cálcio foi encontrado até aproximadamente 25km de distância da foz do estuário! Assim, através do sedimento, ela pode afirmar que o estuário Mocajuba apresenta uma forte influência marinha (Fig. 2).

Interessante, não é? Se quiser saber mais sobre a nossa ampla costa amazônica, fique ligado no OCA Notícias!

Referências

Gomes, Jacqueline Ellen Pinheiro. 2018. EXTENSÃO DA INTRUSÃO SALINA NO ESTUÁRIO MOCAJUBA E SUA INFLUÊNCIA NOS PARÂMETROS FÍSICO QUÍMICOS E QUALIDADE DA ÁGUA. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Faculdade de Oceanografia, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Pará. Disponível em: http://bdm.ufpa.br/jspui/handle/prefix/1268

Pereira, Débora Rodrigues. 2018. LIMITAÇÕES DA SETORIZAÇÃO SEDIMENTAR DO ESTUÁRIO MOCAJUBA. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Faculdade de Oceanografia, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Pará. Disponível em: http://bdm.ufpa.br/jspui/handle/prefix/856

A intrusão salina e o sedimento do estuário Mocajuba

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